Começando

Sempre fui uma gulosa. Adoro sentir fome para ter o prazer de matá-la com um prato saboroso. Desde pequena sempre relacionei prazer com comida. Comer é uma celebração, um ato sagrado, um motivo de reunião e paz.

Quando criança já arriscava receitas e colocava em risco os utensílios e a cozinha da minha mãe. O resultado era satisfatório e a alegria de conseguir montar um prato sem supervisão era incrível. Mesmo na adolescência o interesse pela comida não diminuiu. Cheguei até a fazer bolos do meu próprio aniversário, só para ter com o que celebrar, mesmo na ausência de minha mestre, minha mãe.

Com o tempo, me direcionei à vida de mulher moderna. Trabalho, faculdade, estudo, academia, cursos, salão, happy hours, marido, família, amigos, cinema, viagens, ufa! Não é à toa que as cozinhas no Brasil estão virando corredores para armazenar a geladeira e o microondas. Não dá tempo para fazer nada. Meu ânimo não resistia à vontade de fazer algo na cozinha, o restaurante sempre estava perto demais e barato demais.

Foi então que nos mudamos para a Austrália. Os primeiros dias aqui foram de uma revolta total, do meu estômago. O jet lag fez se sentir no estômago. Na tentativa de acostumar o corpo ao novo fuso, começamos a comprar coisas básicas, que fossem usuais para nós. Mas não deu muito certo. O sal não salgava, o achocolatado não tinha açúcar, a maionese era doce, requeijão não existe e o substituto era muito salgado. A carne era horrível e os legumes eram estranhos. E, o melhor de tudo, os restaurantes com comida decente eram caros para uma dupla de desempregados (ainda continuam caros). Para completar, a Austrália não tem comida típica (e sim reúne as cozinhas de todo o mundo), mas sim um "símbolo", o Vegemite, que foi experimentado na primeira semana e foi esquecido para sempre.

Esse tempo de Austrália me transformou. A vida mais tranquila, a necessidade de uma comida de qualidade e a saudade da comida brasileira fizeram com que eu retornasse à minha paixão culinária. Agora sou uma mulher moderna, que já viveu muita coisa, mas que vive bem mais agora e se dedica ao prazer do paladar. Cozinho muito, erro bastante, os acertos são deliciosamente aprovados. Gosto de tentar novidades, achar substitutos, copiar a comida dos restaurantes, fazer a comidinha brasileira como dá. Ainda adoro sair para jantar ou almoçar, para mim ainda é um programa perfeito.

Não sou gourmet, não sou chef, não pretendo ser. Esse blog é meramente um diário de meu paladar. Não tenho conhecimentos técnicos, não entendo de vinho e não consigo nem decorar uma receita básica. Mas adoro cozinhar e ter tempo para fazer isso. Gosto de me dedicar à cozinha e compartilhar isso com outras pessoas.

Bem-vindos ao meu mundo dos sabores. Compartilhem comigo essa aventura que, além e acima de tudo, passa pelo estômago.